Pela regiao Paceña

Depois de um bom tempo desfrutando da paz e harmonia dos montes e de desoladas regioes do altiplano e cordilheira ocidental boliviana, estava na hora de chegar a cidade e a civilizaçao. Nao que fosse um forte desejo comparado a beleza de sentir no dia a dia o ritmo da vida e de toda sua essência proporcionados pelas ausência do descompasso causado da sociedade humana. Mas sim por uma causa um pouco oculta, resultado desta dependência social de nossa espécie.
Mas as cidades, principalmente as grandes, sempre tem muitas coisas interessantes para mostrar e ensinar justamente sobre esta toda relaçao social que temos. É onde se pode e se obriga a participar da relaçao comercial e adquirir todos os bens de consumo que se necessita, entre alimentos, reparos para bicicleta, energia elétrica. É onde se se pode conhecer pessoas das mais variadas origens, com as mais diferentes idéias e costumes. Tambénm onde se pode aprender muito sobre o país, sua gente, sua cultura, política, história. Também onde se pode encontrar pessoas de afinidade e irmaos de alma.
E a grande e incrível cidade de La Paz se mostrou um poço de riqueza nestes e em muitos outros aspectos.
Para começar a cidade ocupa uma posiçao geográfica de deixar qualquer um de boca aberta. Cheguei pelo sul da cidade vindo do altiplano a cerca de 4.200m de altitude, vendo de longe grandes montanhas brancas se tornando cada vez maiores. De repente se inicia uma aglomaraçao urbana extremamante caótica, inacreditável para um sul americano do sul. Milhares de buzinas ao mesmo tempo, gente e carros e as milhares de vans de transporte se atropelando por todo lado em meio a vendedores que negociam tudo que se possa imaginar, de animais a oferendas.
Logo se cruza El Alto e se depara com dá de cara com um vale gigantesco e a cidade inteira de La Paz metida aí. Sao 600m de down hill para cair dentro da cidade a cerca de 3.600m snm. Isso se nao quiser ir para a zona sul, 600m mais abaixo. A altitude que dá pra ser vista na cara dos turistas mareados que acabam de baixar dos avioes. Se acima já era caótico, imagina quando grande parte dos que vivem lá vem para a cidade em busca de ganhar a vida. Uma boa experiência para manejar bicicleta carregada disputando um espacinho onde nem mais autos cabem.
Lutando um pouco com as ladeiras, cheguei ao ponto de encontro dos ciclistas viajeiros que por aqui passam, Chuquiago café e a casa de Cristian e Luisa. Fui recebido por eles de braços abertos e com o maior carinho e atençao, e em quando vi já tinha um lugar para dormir, tomar um banho e descansar. Justo coincidiu de ser uma fase de passagem dos cicloviajeiros de todos os cantos, com quem pude compartilhar horas de boas conversas, histórias e vivências, e aprender muito sobre muitas coisas. Sintonia de pensamentos e formas de encarar a vida, um incentivo para nunca mais deixar de viver intensamente. Austríaco, suíços, suéco, uruguaio, espanhol, estados unidenses, colombiano, franceses, alemaes, costa riquenhos, britânico, de lugares distantes e com amesma forma de pensar.
Como é importante compartilhar e o quanto isso nos alimenta. Com alguns a relaçao foi mais intensa a amizade se tornou eterna. Nao só entre os cicloviajeiros, como Pius, Magrit, Pablo, Cristobal, Camilo, Jamn, Dani, Wagner e Luara e vários outros, mas também com os amigos escaladores paceños Dani, Joaquim e Toshi, com as amáveis pessoas do café, Critian, Luisa, Marta e Huascar, com o grande Gus e Blanca que mais preocupado que eu deixou a negrita afiada, e muitas outras verdadeiras pessoas.
m cerca de 1 mês que estive pude desfrutar de uma maneira única da cidade, dos amigos, e da beleza incrível desta regiao boliviana. Quando nao estava trabalhando e me divertindo ajudando na loucura que se tornava o café nas horas de pico, tratava de pegar minha mochila com os equipos e ir escalar um pouco com os amigos no belo sítio de escalada no sul de La Paz, Aranjuez, que conta com mais de cen vias de todas as graduaçoes, algumas de ótima qualidade no exigente conglomerado.
Também pude conhecer uma regiao de beleza inigualável e estar em contato com meu ambiente de origem, a floresta tropical. Durante cinco dias fiz uma caminho com a bici carregada pouco convencional.
Subi 1.300m de desnível até cruzar a cordilheira real, descendo com um pouco de custo, muita bateçao e muito empurrar o caminho pré-colombiano Del Choro, trecking em meio as montanhas para ser feito a pé, que desce 4000m de desnível em três dias. Incrível ver como um caminho de séculos pode resistir ao tempo, incrível a engenharia dos construtores. Por sorte Negrita resistiu ao impacto desta trilha, e dando meia volta ao pé do outro lado da cordilheira real, iniciamos o caminho de volta, subindo a abandonada e encantadora ruta de la muerte, point mundial do down hill. Num total de 12 horas vencemos com muita alegria os 3.600m de desnível, um grande e duro desafio para ter certeza do poder de nossa mente. Mais 1.000m de baixada e estava no centro da conturbada La Paz novamente.
Mais uns dias de trabalho e estava saindo para a próxima investida, subir o nevado e majestoso Huayna Potosi com seus 6.088m snm. Desta vez A alema Christina quis me acompanhar e junto foi. Sem perder o prazer fiz a aproximaçao até o campo base em bici, mais de 1.100m acima do centro da cidade de La Paz, uma viagem um pouco dura mas de incrível beleza. Nos juntamos aí no fim de tarde e nevava um pouco. Mesmo com tempo mal decidimos subir ao campo alto, a 5.200m snm, e depois de um longo agradecimento por tudo que tenho recebido e um pedido de licença, em duas horas estávamos armando acampamento. Choveu e nevou durante a noite, mas às 1 hr da manha um lindo céu se abriu. Hora de se preparar, desayunar e parti pra cima para aproveitar o bom gelo. Iniciamos caminhando com a lua iluminando o glaciar, que por nao ser conhecido por nós custou a ter seu labirinto de gretas inicial ultrapassado. Logo a luz do dia apareceu e revelou um ambiente mágico. Havia um céu azul impressionate e o dia estava muito calmo. Alcançamos o cume por volta das 10 hrs a manha, junto com uma nevasca. Tratamos de desescalar rápido a crista de rocha e gelo final e depois de saltar as dezenas de gretas do caminho, em 3 hrs estávamos de volta ao acampamento alto. Acabamos ficando por aí digerindo a sensaçao incrível de ter subido esta montanha única, para no outro dia baixar de volta a La Paz, sempre em companhia da fiel escudeira Negrita.
Depois desta empreitada e de ter realizado e alimentado de uma forma muito linda os desejos do espírito, estava na hora se botar o pé na estrada de novo sentido norte. O desejo de conhecer e realizar lindas escaladas graníticas na cordilheira Quimsa Cruz e na base de Huayna Potosi ficou para a próxima.
Com a especial atençao de Gus, mecânico de Gravity e grande amigo, mais preocupado com Negrita do que eu, pudemos deixá-la impacável como poucas vezes esteve durante esta viagem.
Alimentado das mais puras energias e muito realizado com tudo que a estadia na na incrível Bolívia e em La Paz proporciou, chegou a hora de conhecer algo novo, um novo país, uma nova história. Peru aí vamos nós!